Patrono do São Brás CineTeatro
(atribuição por deliberação da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, em reunião de 20/12/2022)
Jaime Pinto, como era mais conhecido, nasceu em 1904, em São Brás de Alportel.
A vida deste homem ficou inevitavelmente ligada ao cinema, "vício" que adquiriu na sua juventude, já que o seu avô muitos anos antes de 1930, em equipa com um irmão mais velho, projetava “fitas” mudas na antiga sala de espetáculos na Rua Luís Bivar, onde funcionou a Recauchutagem Balito.
Em meados dos anos 40, já com Jaime Pinto à frente desta sala de espetáculos, em equipa com José Ferreira e António Chaves foi comprada uma máquina sonora. Mas Jaime Pinto era mais ambicioso e entendia que São Brás merecia um espaço cénico melhor do que o velho barracão da Rua Luís Bívar… Assim, quando foi construída a atual Av. Da Liberdade tentou formar uma sociedade por ações com participação do maior número possível de são-brasenses, facto que demonstra ao tempo a sua visão perspetiva do futuro e de uma dimensão social ímpar. Não conseguindo realizar aquele objetivo dinamizou com o seu entusiasmo, um grupo restrito que fundou a empresa UNIDOS LDA SOCIEDADE, que reuniu inicialmente 10 sócios.
Fonte: “100 anos de biografias”, Joaquim Manuel Dias:
E assim um grupo de 8 amigos - Jaime R. Passos Pinto, José Ferreira, Joaquim Dias Rodrigues, Francisco Dias Neves, José Pedro Guerreiro, Manuel da Silva Barreira, Francisco de Sousa Correira e Raul Inácio Diogo pensam construir um cinema em São Brás…
Em Fevereiro de 1950, o Diário do Governo publica a constituição da Sociedade Empresa Unidos, Lda, com um capital social de 50.000$00, dividido por dez quotas. Aos oito amigos juntaram-se os irmãos Francisco de Sousa Correia e António Dias de Sousa Correia.
Depois de várias deslocações a Lisboa, muitas consultas feitas ao SNI, muitas reuniões na mercearia do amigo Joaquim Dias Rodrigues e muitas dificuldades vencidas, obtêm-se as devidas autorizações para a construção do Cine-Teatro e ainda no ano de 1950 são iniciadas as obras. O terreno para a construção tinha sido adquirido a Domingos da Silva Gomes (mais conhecido por 4 olhos).
O Avenida Cinema parece cada vez mais uma realidade… Durante os próximos dois anos, decorreriam os trabalhos de construção, sob a orientação cuidada de Jaime Passos Pinto.
A 1ª fase da obra foi entregue ao empreiteiro da terra, Aníbal Dias, que construiu a cimento e com pedra faceada, arrancada junto à Pousada.
Na memória descritiva podia ler-se:
“O imóvel compõe-se de 3 pavimentos e destina-se a um cinema teatro.
No 1º pavimento está concentrada a plateia e tribuna com lotação para 498 pessoas, palco, sala de fumo, instalações sanitárias, bilheteiras, vestiário e bufete. Um corredor de serviço, dá serventia ao corpo de camarins, palco e saída de espectadores de uma parte da plateia.
No 2º pavimento está instalada a cabine de projecção, enroladeira, bombeiro, casa da bateria, instalações sanitárias e camarins para senhoras.
No 3º pavimento, estão instalados os camarins para homens.”
A 21 de Dezembro de 1952, pelas 15 horas, a nova casa de espetáculos era inaugurada com o filme português, em estreia nacional, “Duas Causas”, de que faziam parte, entre outros, o grande artista Alves da Cunha e onde era protagonista a bela atriz são-brasense Mariana Villar.
Com este filme haveriam de realizar-se 8 sessões, sempre com a sala esgotada.
Mas Jaime Pinto também foi comerciante e fundou uma loja com o nome de Universal onde vendia material elétrico, nomeadamente aparelhos de telefonia, proporcionando uma nova dinâmica a muitos lares são-brasenses, que assim passavam a estar a par das notícias do que se passava por cá e pelo estrangeiro, podendo afirmar-se que Jaime Pinto foi um dos mais significativos produtores de cultura das gentes de São Brás de Alportel. Escolhendo criteriosamente os filmes e utilizando os meios de que disponha, muito contribuiu para evoluir mentalidades e abrir os horizontes culturais da comunidade são-brasense
Jaime Pinto teve 3 filhos: Arnalda [falecida] casada com José Rosa, Lutegarda e Renato.
Uma personalidade ímpar da História de São Brás de Alportel que em boa hora recebeu a merecida homenagem do Município de São Brás de Alportel, mediante a atribuição do seu nome a uma rua da vila e como patrono ao São Brás CineTeatro, no âmbito das comemorações do seu 70.º aniversário.