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José Leonardo Martins

O Chef são-brasense nos Países Baixos

Na oitava etapa da nossa viagem, viemos até terras de sua Magestade para vos dar a conhecer o percurso de José Leonardo Martins.

 

 

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José Leonardo Martins vive atualmente na Inglaterra, mas nasceu em Porto Carvalhoso, em Santa Catarina da Fonte do Bispo e logo aos 18 meses veio viver com os pais para as Mealhas, na casa dos avós.

“Era vida do campo. Uma vida farta, muito saudável, mas sem grandes luxos. Não havia eletricidade, água canalizada ou casa de banho, como muitas das casas de campo da época. Era uma vida simples, mas com muito amor familiar. O almoço e o jantar eram sempre em família, sentados à mesa. Tinha amigos e amigas perto de onde morava e passávamos horas a brincar”, recorda.

Na altura ninguém imaginaria que José Leonardo iria correr vários países e vingar no mundo da engenharia de topo.

Foi em São Brás que frequentou a catequese e o colégio e foi aqui que fez grandes amigos com quem ainda mantem contacto sempre que regressa à terra natal. Recorda também as aulas na Várzea do Grau com a D. Juliana e dos tempos de colégio, e lembra ainda o período da telescola.

Entretanto, os pais imigram para África. Inicialmente, José permanece em São Brás de Alportel a viver com os avós.

Em 1970, aos 12 anos junta-se aos pais e vai viver para a cidade de Bulawayo, na Rodésia, atual Zimbabwe. Sem saber falar inglês, os primeiros tempos não foram fáceis. “Lembro-me de estar nas aulas e não perceber nada a não ser matemática”, conta. Como tinha alguns colegas portugueses com quem fez amizade o processo de adaptação tornou-se mais fácil.

“Saí do campo e do ambiente de uma pequena vila e fui viver para uma cidade enorme, em comparação. As escolas e liceus tinham belos espaços desportivos, o nível de ensino era equivalente ao privado, o sistema de transportes era bom, haviam muitos parques e locais para visitar, muitos locais onde ver os animais da selva no seu ambiente natural e o clima era fantástico e saudável”, conta sublinhando que ainda hoje, sobretudo através das redes sociais, mantem contacto com bons amigos que fez nessa época.

O grande senão foi o ter deixado de estar com os avós. Diz que só mais tarde percebeu o impacto que a sua partida teve para os seus avós. “Ao longo dos anos tenho pensado muito nisso e sinto muita tristeza por isso. Tive a oportunidade de ver os meus avós, tanto maternos como paternos quando vinha de férias e era sempre uma grande alegria quando nos víamos”.

Concluídos os estudos secundários, ingressa no curso de Engenharia Eletrotécnica, na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, onde foi um dos poucos alunos portugueses a enveredar pela engenharia. A sua apetência não passou despercebida e ganhou uma bolsa de estudo da empresa GEC (General Electric Company), que o levou até Inglaterra para estagiar. Foi nesta empresa que começou a sua vida profissional inicialmente dedicada ao design e concessão de diversos equipamentos, em especial para as minas de ouro na área de Joanesburgo e Welkon.

Em 1985 regressa à África do Sul, casa e vai viver para a área de Benoni. “Lá passámos uns anos muitos felizes e onde começou a nossa família”, recorda.  Em 98, já com duas filhas, é novamente transferido, desta vez para a vila de Rugby, na Inglaterra. Conta que a adaptação ao clima não foi fácil e o processo de instalação e de adaptação à nova vida inicialmente foi trabalhoso.

“O tempo passou e hoje estamos mais uma vez muito felizes neste país. O clima não é nada parecido com o clima de São Brás, mas como as pessoas que vivem nos países frios dizem: Não há mau tempo, somente roupa inadequada”!

Diz-se sortudo e privilegiado por ter ao longo da sua carreira tido a oportunidade de trabalhar nos sistemas mais modernos e topo de gama.Multimédia1

Correu muitos países para desenvolver projetos na área da engenharia eletrotécnica de barcos.

“Inicialmente fui chefe de secção de sistemas de propulsão e depois mudei para design e concessão de sistemas de controle de barcos Type 45 e mais recentemente no controlo de sistemas de porta aviões”, explica acrescentando que se sente orgulhoso por ter integrado a equipa de trabalho dos porta aviões da Marinha Britânica: “Queen Elizabeth” e “Prince of Wales”, como engenheiro responsável pelos sistemas de propulsão.

“Quando abalei de São Brás nunca pensei que a minha vida fosse dar tantos passos pelo mundo e que tivesse oportunidade de trabalhar em sistemas de engenharia tão modernos e com a responsabilidade que tenho tido”, admite.

A ligação com São Brás de Alportel tem sido uma constante ao longo da sua vida. Continua a ser local de férias e de visita duas ou mais vezes por ano, até porque é o local onde os pais residem novamente. Quando chega a São Brás de Alportel diz que a primeira coisa que faz é ir ver os pais e logo de seguida vai passear a pé pelas ruas da vila para ver o que mudou e para se recordar dos tempos em que as percorria de bicicleta com amigos.

A pandemia trouxe dificuldades às viagens, mas recorre às redes sociais para manter contacto. José admite que já está cheio de saudades da família e ansioso pelos abraços.

Com uma vida recheada com momentos importantes em diferentes pontos do planeta, José não esconde o seu desejo: “Um dia regressarei a São Brás para viver, se Deus quiser”!

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Viaje pelo mundo à descoberta dos são-brasenses, em www.cm-sbras.pt

Texto: Sofia Silva – Gabinete de Comunicação / Coordenação: Marlene Guerreiro

Caso deseje participar nesta iniciativa, contacte-nos: 289 840 019 / municipe@cm-sbras.pt