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À conversa com Robert Whalley

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Nesta edição damos a conhecer Robert Whalley, mais um bom exemplo de integração na comunidade são-brasense.

Conhecido em São Brás de Alportel pelo seu artesanato em madeira, Robert Whalley nasceu há 71 anos numa terra conhecida pela extração de carvão, Castleford, West Yorkshire, na Inglaterra. É o segundo dos três filhos do casal Whalley. O pai era enfermeiro e a mãe costureira.

Aos 15 anos abandonou o ensino secundário regular para estudar à noite enquanto durante o dia começou a trabalhar como soldador.

“Em 1973 decidi mudar de carreira e entrei para a Polícia de West Yorkshire”, conta. Após 12 aos como polícia de patrulha é então promovido a detetive dedicado à investigação de crimes relacionados com furtos de viaturas. Em 1994, com 22 anos de serviço na polícia inglesa, sofreu um acidente rodoviário grave em serviço que o forçou a uma reforma antecipada.

Percebendo que o clima ameno reduz consideravelmente a medicação que toma diariamente por causa das lesões que sofreu, o casal decide em 1995 começar uma vida nova em Portugal, deixando na Inglaterra o filho e a filha que já eram adultos e independentes, mas que ainda hoje os visitam sempre que podem.

Como costumavam passar férias em Estoi desde 1982, este foi o local de eleição para a mudança. Compraram e reconstruiram uma casa antiga na Alcaria Cova.

Mas nem tudo foi um mar de rosas. Robert conta que tiveram de vender essa casa para pagar uma verba avultada ao Estado como consequência de uma burla que sofreram e que envolveu um falso conselheiro financeiro, um polícia posteriormente acusado de corrupção e um falso arquiteto… “Muitas pessoas nos perguntam porque ficámos cá depois de tudo isto. Ficámos porque gostamos das pessoas e do clima”, explica Robert.

Entretanto encontraram uma casa mais pequena, mas que os apaixonou no sítio de Poço dos Ferreiros, em São Brás de Alportel. Uma zona muito calma e com poucos vizinhos na altura. Os vizinhos tiveram, aliás, um papel importância na sua permanência. Robert diz que decidiram ficar no dia em que souberam que os vizinhos do lado, um casal sénior são-brasense, ao saberem que iam ter vizinhos ingleses, se tinham inscrito em aulas de inglês para poderem falar uns com os outros, de quem tem memórias boas e histórias de partilha e excelente vizinhança.

Robert diz que a zona entretanto já não é tão calma porque surgiram novas construções e com os novos vizinhos aumentou também o movimento de carros.

Nos primeiros tempos, aproveitou a sua experiência como ferreiro para fazer portões, grades de janelas, escadas e corrimões. Contudo, as suas lesões não aguentavam a exigência física do ofício. Para ocupar o tempo livre decidiu escrever um livro sobre a sua vida enquanto polícia.

Quando o livro foi publicado, Robert começou a fazer experiências e a criar pequenas peças decorativas a partir da lenha que comprava localmente. “Amigos sugeriram que eram suficientemente boas para comercializar. Registei-me e comecei a vender as minhas peças nas feiras locais”, recorda. Antes da pandemia era presença assídua no Mercadinho de Jardim e em eventos como a Noite Prata, a Noite Vermelha, o Calçadas – a Arte sai à Rua, na Feira de Natal dos Bombeiros Voluntários, na Feira da Serra, nas feiras de primavera e de verão do Museu do Traje, entre outros eventos.

“Também colaboro voluntariamente, uma vez por semana, com a Casa do Artesão onde vendo as minhas peças e as peças de outros artesãos”, conta.

“Gosto da gentileza e do calor humano que eu e a minha esposa sentimos aqui”, diz admitindo que apesar de tentarem aprender a falar português, não tem sido fácil. Não obstante, diz que o idioma não tem sido impeditivo na vida quotidiana porque são sempre bem-recebidos e atendidos.

Confessa-se incomodado com a falta de cuidado de algumas pessoas que não apanham os dejetos dos seus animais de companhia no espaço público ou que deixam lixo volumoso e indevido junto dos contentores de lixo ou à beira da estrada ou em terrenos que, além da poluição, podem contribuir para o risco de incêndio.

“Todos conseguimos encontrar algo para nos queixarmos” Dê um euro a um homem e pergunte-lhe se ele preferia ter dois! Perguntem-se se sou feliz a viver aqui e a tentar fazer parte de São Brás de Alportel e eu respondo: Sim, quem não seria!?”, conclui.

 

São Brás de Alportel, Setembro de 2021

 

Espaço da responsabilidade do Município de São Brás de Alportel, sob coordenação do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, localizado no Centro de Apoio à Comunidade Textos: Sofia Silva / Carmen Macedo

Caso gostasse eu a sua história ou a história de alguém que conhece, fosse contactada nesta coluna, contacte-nos: tel. 289 840 019 / municipe@cm-sbras.pt