Em “Maio, Mês Jovem”, damos início a uma nova rubrica, que pretende dar a conhecer novos empreendedores e projetos são-brasenses, numa iniciativa do Gabinete do Empreendedor da Camara Municipal, em parceria com os jornais locais. Pode ler mensalmente esta rubrica em ambos os jornais locais, no sítio do município em www.cm-sbras.pt e nas redes sociais.
Começamos a nossa rota pelo empreendedorismo a galope… para conhecer o recém-aberto centro equestre “Baixa Lusitana” e estivemos à conversa com o seu mentor Daniel Pires.
Este projeto surgiu desde cedo “Foi algo muito pessoal, quando eu tinha apenas dois cavalos e tinha uma vontade enorme de seguir pela competição. Cedo comecei a ganhar títulos, entreguei-me depois a um treinador internacional em Almeirim e ao conquistar um currículo com mais visibilidade, sempre tive a ideia, e joguei futebol muitos anos, que quando largasse o futebol deveria enveredar por um caminho mais competitivo e mais profissional.”
Mais tarde, Daniel começou a ser mais conhecido, as pessoas começaram a perguntar-lhe se poderia montar os seus cavalos e dar-lhes treino e Daniel começou então a pensar nisso.
“Quando larguei o futebol tinha o ramo do meu falecido pai, que era a canalização, águas, painéis solares… Trabalhei durante quinze anos nesse ramo, mas quando surgiu a oportunidade de concretizar o sonho da equitação, ainda na casa da minha mãe, arrisquei, e depressa vi-me obrigado a ter uma segunda solução, porque ali o espaço era muito pequeno. Já vinha montar para este terreno, nunca eu imaginando que um dia viria a ser meu.”
Revelou-nos que a aquisição do terreno foi um namoro de dois anos… até àquele dia que nunca mais esquecer, quando o Sr. Vitor já lhe podia vender a terra. E assim foi! Depois seguiu-se o longo caminho da concretização do projeto. Começou por criar uma pista de 60m x 20m, porque tinha uma grande necessidade de treinar no tamanho oficial.
O Projeto “Baixa Lusitana”
Daniel apresenta-nos o seu projeto que como nos diz “insere tudo um pouco.”
“Penso que num projeto destes não podemos pensar só num caminho, se bem que às vezes é um bocadinho difícil, mas tentamos fazer de tudo um pouco, à volta do cavalo e à volta das necessidades das pessoas, principalmente das pessoas que residem aqui em São Brás, e esta preocupação levou-nos a atividades com pessoas com deficiência, mas também na oferta de visitas, a par da atividade desportiva, do treino, do lazer e da reprodução. O espaço para este tipo de desporto ainda não é muito, mas tentamos inserir de tudo um pouco para que se torne ainda mais giro.
O caminho ainda vai no início, mas o foco principal foi poder abrir portas, num difícil período, em tempo de pandemia. “Essa foi a minha principal preocupação, conseguir no verão passado abrir portas e começar a trabalhar na nova instalação e ao mesmo tempo ir crescendo.”
De momento, o espaço conta com várias atividades e serviços para os mais pequenos e graúdos, “Estamos a realizar cavalos a penso, ou seja, acolhemos os cavalos dos nossos clientes que não têm espaço adequado em sua casa. Também realizamos algumas aulas e temos estado a inserir algumas visitas com a escola.”
Daniel revela-nos que o plano para os próximos 5 anos é ter um espaço com mais requinte e mais mimo para quem o visita, não só com zonas de treino, mas também zonas verdes e de lazer como refere “Não quero um espaço só dedicado ao cavalo e ao treino do cavalo, quero um espaço também em que se uma pessoa quiser vir cá tomar um chá, uma refeição rápida ou ler um livro, tem essa possibilidade e o espaço em si está todo pensado e à espera que tenha essa oportunidade.”
Daniel está aberto a novas parcerias, ainda que de momento os apoios que tenha sejam reduzidos para um desporto tão caro, mas a dedicação e o profissionalismo que demonstra é o que o move no seu trabalho. “Às vezes há apoios e visibilidade para tantas coisas, e estando no Algarve há muita coisa que se poderia desenvolver. Temos vinhos, hotéis, é apostar um bocadinho numa publicidade e há formas de fazer os acordos, e não estamos a falar em fortunas, mas consegue-se fazer coisas agradáveis. Acho que estamos no centro de tudo, como o nosso logótipo também diz. Estamos numa zona privilegiada entre a serra e o mar.”
“Dos pequenos apoios e parcerias que tenho, tenho algum apoio da parte da ração, algo simbólico. O município também continua a colaborar com um valor anual. Tive também um pequeno apoio a Bafrutal e mais recentemente fiz um protocolo com o Sporting Clube Farense, num módulo de representação. O facto de estarem presentes no concelho com o seu centro de estágios e serem o clube com a história que é deu maior significado a esta parceria “eu recebi com muito agrado porque também fui atleta do grupo. Vivi 13 anos em Santa Bárbara e depois vim para cá para São Brás, e então sinto-me aqui dividido e represento todos.”
Quando lhe perguntamos quanto tempo dedica diariamente ao seu projeto percebemos quanta é a dedicação a este sonho “Às vezes dou por mim e já tenho doze, treze horas de trabalho, vou para casa e ainda vou com a cabeça ligada sobre o assunto. É uma responsabilidade muito grande, são animais, que são para mim como pessoas. São a minha segunda família, segundos filhos. O que me move pelo meu trabalho é o sentimento que eu tenho pelos cavalos e o prazer de os ver felizes, bem tratados. Toda esta instalação foi feita pensando nisso. Temos de ter essa sensibilidade para quando os montarmos poder esperar que trabalhem connosco.”
Uma experiência deste caminho que tenha ficado especialmente guardado na memória?
“… são muitas, mas se calhar a que ficou mais bem guardada foi o risco que corri com 15 anos de uma profissão, decidir arriscar por outra, por uma área que no Algarve é muito difícil, quando digo difícil, digo difícil de sobreviver. Temos de ser muito honestos, muito transparentes e gostarmos muito do que fazemos, e para além disso saber o que se está a fazer. Com dois filhos, com casa, com família, largar assim um ramo que me dava o ganha-pão, é um risco muito grande. Depois tenho outras coisas que jamais me esquecerei, que foi por exemplo a aquisição de dois cavalos pelo OLX. No OLX normalmente nunca ninguém os valoriza, eu valorizei, fiz um trabalho de sucesso com eles, hoje em dia são vivos e deram-me títulos.”
Que conselho daria a alguém que quer ser empreendedor?
As poucas palavras que fazem sempre a diferença são “nunca desistirem daquilo que ambicionam e daquilo que sonham. Eu estou num ramo que é caro, que é dispendioso, nunca tive familiares que me pudessem abonar tal coisa, mas nunca abdiquei do meu sonho, e hoje está aqui. Por isso, acho que é o sonhar sempre!”
São Brás de Alportel será um terreno fértil para o empreendedorismo?
Na opinião de Daniel Pires sim. “Muito, cada vez mais. Acho que estamos no centro de tudo, como o nosso “slogan” também diz. Estamos numa zona privilegiada entre a serra e o mar. Temos tudo aqui, acho que podemos desenvolver muito. A equipa que está neste momento à frente, tem feito um bom trabalho, têm tido o meu apoio. Orgulho-me do trabalho que tem sido feito, acho que é só continuar e ouvir-nos, cada um na sua área, cada um com o seu currículo e desenvolvermos as coisas.”
Sonhos para o futuro? “tenho muitos projetos na cabeça. Sei que às vezes a vida é curta demais para concretizá-los. Seria fácil se ganhasse o euromilhões, era tudo mais rápido, mas prefiro que assim não seja. Tem um sabor completamente diferente. Acho que as obras é que definem o ser humano, independentemente de sermos homem ou mulher, mas as obras acabam por ser a nossa imagem e o nosso percurso na vida.”
Conheça melhor o projeto “Baixa Lusitana | Sítio Poço Largo Nº 9874 / Facebook e Instagram
Tel.: 963 706 997 / Email: info.baixalusitana@gmail.com
Texto: Joana Revez – Espaço Jovem / Marlene Guerreiro [coordenação]
Caso deseje participar nesta iniciativa, contacte-nos: 289 840 019 / jovem@cm-sbras.pt