A estrada é quase tudo. É a ligação entre duas paisagens distintas: a norte, a serra, o xisto, os declives abruptos, os vales inacessíveis, o silêncio, o sobreiro e a azinheira, as rezas cantadas, os bailes ao som da flauta, o linho e o soriano, os homens e as mulheres de quem se dizia serem esquivos e fechados; a sul, a terra vermelha e plana das hortas verdejantes, a alfarrobeira e a amendoeira, as modas e os corridos ao som do acordeão, as pessoas faladoras e alegres.
Pelo lugar, descendo a Estrada Real, terão passado reis, soldados, comerciantes, almocreves e viajantes. Por esta porta se entrava no Reino do Algarve. Passou, depois, a ser a Estrada Nacional nº 2 e continuaram a passar governantes, turistas e corticeiros em caravanas de grandes carroças, as mulheres da serra com as suas cargas de rasmono para vender como charamusga nos mercados de Olhão e Faro, os vendedores de mel que transportavam a mercadoria em odres de peles de animais.
A estrada é a ponte que une dois mundos de características distintas mas cúmplices desde sempre. A porta sempre aberta é o lugar que se chama Alportel.
The Alportel village has always had a very close connection with the National Road which traverses it. Until very recently it was the only connection to the Algarve the door of the region. Also, the road is like a frontier between two distinct landscapes: the mountains to the north and the gentle fields to the south. The village of Alportel has always been the meeting point for people of different origins and activities.