Prosseguimos o nosso caminho, por Vales da Memória, à descoberta das Lojas e também dos estabelecimentos e empresas com História, que enriquecem o património coletivo da comunidade e escreveram as páginas da nossa Memória Comum.
Estávamos no ano de 1977 quando o jovem José Manuel Coelho surpreendeu a sua família ao anunciar que ia abrir uma sapataria no n.º 70 da Avenida da Liberdade. Esta era uma área de negócio que não tinha qualquer ligação com os negócios da família mas que surgiu após uma análise que fez ao comércio tradicional local. Na altura, existiam apenas mais duas sapatarias na vila e José Manuel, com apenas 22 anos, decidiu marcar a diferença e vender sapatos da mais alta qualidade.
Hoje, casado há 33 anos com a D. Eduarda, com dois filhos e dois netos, José Coelho conta que os primeiros anos foram duros e que os sapatos de alta qualidade eram caros e afugentavam a clientela. Repensou a estratégia e começou a vender sapatos com preços mais acessíveis. Contudo, “fincou pé” na qualidade e continuou a privilegiar os artigos em pele e nacionais.
A “maré” mudou e começou então uma fase crescente do negócio que teve o seu auge nas décadas de 80 e 90. Quatro décadas de trabalho e dedicação ao negócio valeram-lhe a confiança de uma clientela fiel.
Curiosamente, ou talvez não, conta que especialmente no verão recebe muitos clientes estrangeiros, residentes e turistas, que na sua loja procuram qualidade e preços mais baratos do que os que encontram nos seus países de origem e “aconchegam” as vendas.
A Sapataria Zé não ficou isenta do impacto das grandes superfícies no comércio tradicional e da concorrência de calçado barato, ainda que de menor qualidade, que é vendido em lojas, hipermercados e centros comerciais.
Olhando em retrospetiva, diz que a maior arma do comércio tradicional contra as grandes superfícies está no atendimento personalizado e de confiança. Exemplo desse atendimento personalizado é o caso de um cliente que, por problemas de saúde, calçava dois números diferentes de sapatos. Nas grandes superfícies tinha de comprar dois pares de sapatos de cada modelo para poder ter os tamanhos que precisava. O cliente tornou-se fiel à Sapataria Zé quando percebeu que ali lhe podia encomendar apenas um par de sapatos com o número certo para cada pé, porque José Coelho fazia o pedido diretamente à fábrica.
José Coelho já tentou que o negócio ficasse na família mas sem sucesso. Situação que diz compreender perfeitamente porque tratando-se de um negócio que vive da moda, acaba por ser muito absorvente porque os stocks têm de ser escoados enquanto os modelos estão em voga. Situação que lhe valeu muitos anos sem períodos de férias. É por esta razão que atualmente, a sapataria está em trespasse.
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