O percurso da “Calçadinha” desenvolve-se por uma extensão total de
1480 metros, percorrendo um pequeno vale inserido a Sul, ao qual é sobranceira uma zona mais elevada onde está hoje implantada a Igreja Matriz. Actualmente restam conservados dois troços, designados por A e B, separados por alguns metros outrora pavimentados, mas hoje danificados.
A “Calçadinha” foi uma obra que representou, à época, um grande investimento técnico, financeiro e de mão-de-obra que configura a execução de um programa de obras públicas. Esta antiga estrada apresenta um lajeado de características diversas que evidencia a sua utilização em várias épocas.
Estruturalmente, os troços postos a descoberto diferem entre si.
No troço A, com cerca de 100 metros de extensão, observa-se um calcetamento que corresponde às remodelações do século XIX, provavelmente ordenadas pelo Bispo D. Francisco Gomes do Avelar. Tecnicamente apresenta um lajeado geométrico, composto por pedras de pequena/média dimensão e um eixo central delimitado por pedras em cutelo, de onde saem linhas perpendiculares que formam quadrículas, divididas obliquamente em triângulos rectângulos.
Estas remodelações, que tiveram por base as recomendações para a construção e reparação de estradas do referido Bispo, foram contemporâneas da reorganização da rede viária nacional, com a criação de estradas reais, utilizando, muitas vezes, troços de vias romanas pré-existentes.
No caso particular da “Calçadinha”, essas obras foram efectuadas de forma a manter uma boa acessibilidade entre os paços episcopais de Faro (morada oficial) e de São Brás de Alportel (residência de veraneio e repouso).