Época islâmica – Século X-XI (?)
Proveniência: Cerro da Mesquita
Fragmento de fundo de ataifor (tigela)
em cerâmica vidrada de cor melada com decoração a manganês – Louça de mesa.
A cerâmica constitui o vestígio mais abundante deixado pelas distintas civilizações desde o Neolítico, e tem sido considerada, desde os inícios da investigação arqueológica, como um dos mais importantes indícios para datar qualquer estação arqueológica.
A grande novidade introduzida pelo mundo islâmico, no âmbito da cerâmica, foi a difusão das técnicas de vidragem. Apesar de terem começado a ser produzidas no século IX, é no século X que se constata a grande difusão do vidrado por todo o território al-Andaluz e se desenvolvem rapidamente as técnicas de vidragem com combinações bicromáticas (duas cores) e policromáticas (múltiplas cores).
As combinações bicromáticas mais frequentes apresentam fundos cor de mel ou brancos nos quais se desenvolvem motivos geométricos em preto/castanho manganês. Os motivos consistem em combinações de círculos e arcos, tangentes ou secantes, temas epigráficos ou pseudo-epigráficos e representações esquemáticas de flores de Lotus e palmetas.
A combinação utilizando o “melado e manganês” foi a que teve maior difusão e persistência no al-Andaluz (século X ao XVI).
As tigelas ou malgas vidradas incluem-se num conjunto de formas abertas que poderiam servir como travessas para colocar a comida na mesa (as maiores); ou ser utilizadas também como pratos individuais (as menores) ou, ainda, como pequenas tigelas ou taças, para colocar acepipes na mesa, nomeadamente passas de uva e outros frutos secos, que eram muito utilizados na época.
Na Sala de Exposição Permanente do Centro Explicativo e de Acolhimento da Calçadinha encontram-se patentes ao público dois fragmentos de cerâmica vidrada melada com decoração a manganês, dos quais destacamos este fragmento [na imagem], que integra a mostra de materiais arqueológicos encontrados no concelho, durante os trabalhos de prospeção arqueológica realizados em 2002.
Sabia que…?
A cerâmica é considerada o reflexo de muitas outras faces de uma cultura: os hábitos alimentares e do quotidiano, a engrenagem económica de uma sociedade, a evolução tecnológica, o imaginário e horizonte simbólico dum povo e até, a expressão de vontades políticas?
Aventure-se pelo conhecimento da História de São Brás de Alportel. Lançado recentemente o livro “Breve História de São Brás de Alportel”, de autoria de Angelina Pereira é um excelente guia nesta viagem”.
Procure-o no Centro, no Gabinete do Munícipe da Câmara Municipal, no Centro de Artes e Ofícios ou na Biblioteca Municipal.
Investigação realizada pela técnica superior de arqueologia, coordenadora do Centro, Angelina Pereira.
Mais informações: http://www.cm-sbras.pt e http://www.calcadinha.cm-sbras.pt